Djavan Mentiu pra nós!

Para uma pessoa que adora ler e sempre foi muito curiosa com tudo, devo confessar que o Japão tem causado um frisson e um misto entre fome de conhecimento e desespero por não conseguir aprender da forma que eu pensava. Quando você vem para países orientais, além da língua ser diferente, o alfabeto é algo que te deixa pensando onde foram parar todos os anos de escola que você teve no Brasil. É ser analfabeta num país estranho.

Sim você leu corretamente. Analfabeta. Mas deixa eu explicar para você como funciona a fala e escrita no Japão:

São três “alfabetos”, ou seja, três sistemas de escrita:

E cada uma deles possui um nome, e os três são usados ao mesmo tempo, cada um em sua situação específica. Ou seja, para tornar-se capaz de ler tudo em japonês, você precisa aprender os três.

1. HIRAGANA

O HIRAGANA é um sistema de escrita de 46 símbolos onde cada símbolo representa um som, o equivalente a uma sílaba do português. As crianças japonesas, na escola, começam a aprender a ler e escrever através do HIRAGANA. Alfabeto de Hiragana (em preto é o ideograma e em vermelho o som que ela faz)

2. KATAKANA

O KATAKANA também possui 46 símbolos e é mais utilizado para palavras de origem estrangeira, como nome de países, nome de pessoas estrangeiras (o seu nome será escrito em KATAKANA!), além de onomatopeias. Para cada HIRAGANA, existe um KATAKANA (Agora me explica porque não simplesmente usar o hiragana? Já que os dois têm os mesmos sons).
Alfabeto em Katakana (ideogramas pretos e som deles em vermelho)

3. KANJI

O KANJI é o sistema de escrita que tem mais símbolos dos três. A principal diferença é que o KANJI não é fonético, ou seja, cada letra não representa um som. Cada símbolo representa uma ideia, cada símbolo possui um significado. E unindo mais de um kanji representa outra coisa diferente.

É  impossível saber quantos Kanji’s existem uma vez que muita foram criados a muitos e muitos anos atrás mas o governo japonês criou uma lista de 2.136 kanji mais usados.

Então, já fez as contas? 46 Hiragana + 46 Katakana + 2.136 Kanji (com inúmeros significados). Ah, e não posso me esquecer de contar que muitos japoneses não sabem o que significam vários kanji (de acordo com uns vídeos que eu vi no YouTube).

E outro grande problema é a mistura de palavras ocidentais com as orientais. Igual a gente faz no Brasil usando palavras como ‘Layout’, comédia ‘Stand Up’, ‘milkshake’ entre vaaarias outras. Bem, no Japão eles também usam palavras assim, mas eles não sabem pronunciar determinadas letras, como o ‘L’ e o ‘V’ por exemplo. E eles não pronunciam 2 consoantes juntas e nem terminam a letra S ou algumas outras consoantes como nós, eles acrescentam um ‘U’ no final, o que geram palavras diferentes do que conhecemos e o entendimento ainda mais complicado. segue uns exemplos:

Meu nome: Danielly – Pronuncia no Japão: Danieri

McDonald’s – Pronúncia em inglês: mekdonalds – Pronúncia em japonês: Makudonarudo

Milk (leite em inglês) – Pronúncia em inglês: milk – Pronúncia em japonês: Miruku

Beer (cerveja em inglês) – Pronúncia em inglês: bier – Pronúncia em japonês: biru

Restaurant – Pronúncia em inglês: restorant – Pronúncia em japonês: resutoran

Ice Cream (sorvete em inglês) – Pronúncia em inglês: aiss crim – Pronúncia em japonês: aisukurimu

Sim, Djavan mentiu pra você! Não. Não  é mais fácil aprender japonês em braille, você vai decidir se dá ou não muito antes de EU aprender o japonês pelo menos.

Alguns motivos pra que eu possa afirmar isso é além desse monte de ideogramas e significados diferentes, a falta de tempo, por causa das longas jornadas de trabalho, o cansaço nos seus momento de folga que é  tão grande que você só pensa em dormir ou relaxar e não estudar, e, a minha própria falta de comprometimento com o idioma uma vez que eu nem sei se vamos morar para sempre aqui ou não. Sim, eu tenho grande parte da culpa. Eu sei.

Mas pra quem mora no Japão, é  óbvio que aprender o idioma é  imprescindível. Bem, até é possível viver aqui sem dominar o japonês, mas temos que ter a consciência que isso torna a vida super limitada, pois acabamos vivendo dependentes de intérpretes para coisas simples como pedir seu lanche favorito no “Makudonarudo” (McDonalds), dia a dia no trabalho, até coisas importantes como consultas médicas e questões  burocráticas com governo e imigração.

Então eu sei que preciso aprender essa língua. E o idioma japonês tem várias curiosidades na história dele o que torna ainda mais interessante. Mas minhas tentativas até o momento não tem sido muito felizes. É preciso praticar, praticar e praticar.

O que eu aconselho é: se querem vir para o Japão tentem aprender a língua ao máximo antes de vir pra ca, eu não fiz isso e agora to aqui sofrendo. Atualmente eu uso alguns aplicativos (quando tenho tempo) como o DUOLINGO, o DROPS e o JAPANESE DUNGEON.  Tenho visto muitas dicas no TikTok, Youtube e Instagram também.

Em momento algum quero desiludir vocês a aprenderem o Japonês. Muito pelo contrário eu indico que estudem bastante e não  façam como eu! Boa sorte no aprendizado.

Abraços

Dany Utsumi

Dany
Dany Ustumi Organizador de conferências e eventos / Assistente Virtual